sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Ginecomastia - O que é e o que fazer?

GINECOMASTIA

Josivan Gomes de Lima - Centro de Endocrinologia de Natal

ETIOLOGIA

Após o nascimento, o tecido mamário permanece queiscente até o período pré-puberal, tendo igual sensibilidade aos hormônios no homem e na mulher. Parte do estrógeno (E2) presente na mama é produzida localmente pela aromatização de andrógenos e estimula a proliferação e diferenciação do parênquima para formar os elementos ductais. A prolactina (PRL) atua nos ácinos mamários produzindo leite e, conjuntamente com a progesterona (PGT), estimula o crescimento lóbulo-alveolar. A testosterona (TES) tem ação inibitória na mama (antiestrogênica). Insulina, IGF-1, GH e cortisol (CRT) agem de maneira permissiva, ou seja, quando ausentes, E2, PGT e PRL não atuam satisfatoriamente. A tiroxina age indiretamente na mama, através do aumento da globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG) e do E2. Da mesma forma, CRT e PRL também agem indiretamente, diminuindo a TES através de efeitos hipofisários e testiculares.

Ginecomastia é a proliferação benigna do tecido glandular da mama masculina que se extende mais que 0,5cm de diâmetro, concentricamente, a partir do mamilo. Deve-se diferenciar da pseudoginecomastia (lipomastia) que é a deposição de tecido gorduroso sem proliferação glandular.

O aparecimento da ginecomastia decorre de um aumento do estímulo na mama, diminuição da inibição ou de um desequilíbrio entre estímulo/inibição. Os seguintes fatores determinam o equilíbrio E2/andrógeno: produção de esteróides na placenta, adrenais e testículos; a conversão extraglandular de andrógenos para estrógenos; a concentração de SHBG circulante; a capacidade dos tecidos alvos de responderem aos hormônios.

DIAGNÓSTICO

Uma avaliação mais detalhada deve ser realizada se há hipersensibilidade da mama, rápido crescimento, massas excêntricas, duras e irregulares, lesões maiores que 5cm de diâmetro (2-5cm em pacientes magros). Mamografia ou ultrassonografia (US) são usados para distinguir a tecido mamário de tecido adiposo (pseudoginecomastia), sendo a primeira mais sensível.

Na história clínica devemos pesquisar ingesta de drogas, doença renal, hepática, cardíaca ou pulmonar, mal nutrição prévia, sinais e sintomas de doença maligna (principalmente testicular) e de excesso ou deficiência de E2, PRL, GH, CRT, T4.

A avaliação laboratorial inclui: função hepática e renal, b-hCG, PRL, LH, FSH, E2, TES e SDHEA. Pode-se pedir US de testículo (Tu testicular pode não ser palpável) e/ou TC de adrenal (se SDHEA elevado).

TRATAMENTO

A ginecomastia pode regredir espontaneamente em até 85% dos casos, sendo a conduta expectante principalmente na puberal e na relacionada com o uso de drogas (após suspender o uso das mesmas). O tratamento (clínico ou cirúrgico) pode ser necessário se o paciente persiste com a ginecomastia, se existe dor severa ou hipersensibilidade ou se há interferência nas atividades diárias. O uso de medicamentos geralmente não ocasiona uma regressão importante da ginecomastia. Há três tipos do drogas utilizadas: andrógenos não aromatizáveis (diidrotestosterona e danazol); antiestrogênicos (tamoxifeno 10mg 2x/dia e clomifeno) e inibidores da aromatase (testolactone)

A cirurgia é indicada para aqueles pacientes que não respondem ao medicamentos ou que têm uma ginecomastia de longo tempo. Pode ser liposucção, excisão cirúrgica direta ou ambos. Complicações incluem irregularidade do contorno da mama, hematomas ou seromas, infecção, etc.

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Bibliografia recomendada:

1 - Santen, R J. Gynecomastia. In DeGroot, Leslie J., Endocrinology. WB Saunders Company, Philadelphia. 1995; v3:2474-84.

2 - Braunstein, G D. Pathogenesis and diagnosis of gynecomastia. UpToDate in medicine 1996; 4:3.

3 - Braunstein, G D. Prevention and treatment of gynecomastia. UpToDate in medicine 1996; 4:3.

4 - Braunstein, G D. Gynecomastia. N Engl J Med 1993;328:490.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Definição muscular

Quando o assunto é estética corporal, é comum o uso de termos como definido, “rasgado”, “trincado” e muito. Possuir um abdômen delineado e um corpo com a aparência atlética é o principal objetivo da grande maioria dos freqüentadores das academias. Infelizmente, muitos recorrem a estratégias não tão saudáveis para o alcance deste objetivo, como as dietas da moda ou a utilização de diuréticos e outras drogas.

Lembro que o proposto abaixo foi obtido através de uma revisão bibliográfica atual, com o objetivo de otimizar o controle da gordura corporal subcutânea, procurando sempre manter padrões seguros para a saúde. Atletas de ponta e fisiculturistas seguem recomendações diferentes que, geralmente são incompatíveis com a realidade dos atletas recreacionais e, na grande maioria das vezes, não foram comprovadas com evidências científicas plausíveis.

Algumas dicas:

1. Através de uma avaliação física, é possível determinar o quanto de gordura corporal você deseja perder e, se realmente, esse tanto é recomendado. Em média, para homens e mulheres envolvidos com treinamento desportivo, 15% a 7% e 18% a 10% de gordura corporal, respectivamente, são indicados como aceitáveis, tanto a nível estético quanto na manutenção da saúde. Estudos mostram que mulheres atletas competitivas alcançam níveis mais baixos que os apresentados acima, pois um menor percentual de gordura corporal faz com que ele possa desempenhar melhores seus desportos em alguns casos. Mas a restrição calórica somada aos exercícios intensos pode promover uma depleção drástica das reservas de gordura e ocasionar um desequilíbrio hormonal (baixa produção do hormônio estrógeno) e causar a suspensão da menstruação (amenorréia), o que agrava a perda óssea (osteoporose) e dificulta a absorção de vitaminas lipossolúveis (A., D, E e K). Nos homens, percentuais de gordura inferiores a 6% ocasionam um fenômeno chamado giconeogênese, que é a produção de energia através de fontes que não sejam os carboidratos e as gorduras. Infelizmente, o corpo na escassez destes, recorre à proteína muscular (perdendo a massa muscular tão duramente conseguida) para obter a energia necessária para a continuidade da atividade e sobrevivência;

2. Exercício físico é o maior estímulo para a “queima” de gordura. O exercício físico aumenta sua TMR (taxa metabólica em repouso), ou seja, quando você se exercita, seu organismo continua queimando calorias por algumas horas, mesmo descansando. E no repouso o principal substrato energético é a gordura. Se o treinamento for de exercícios resistidos, como a musculação, a queima pós-treino ainda é maior, devido à situação hormonal e enzimática que se forma para evitar a degradação e reparação protéica e repor as reservas de glicogênio utilizadas no exercício (ver Musculação e emagrecimento). Pesquisadores já demonstraram que os exercícios resistidos exigem uma utilização muito mais intensa de oxigênio do que exercícios aeróbios (que são importantes para o sistema cardiovascular e devem sempre existir em uma rotina de treinamento físico, mas como é preconizado por alguns profissionais, não é o “supra-sumo” na queima de gordura, como mostrado no artigo A verdade sobre aeróbios e emagrecimento);

3. A intensidade dos exercícios deve ser levada em consideração: os estudos já mostraram que se exercitando aerobicamente de 20 minutos ou mais, em 50% - 70% da sua freqüência cardíaca máxima, a predominância do substrato energético utilizado é a gordura. Mas, se você utilizar um percentual mais alto (75% acima), queimaria uma porcentagem inferior de gordura, mas em compensação, acabaria queimando mais calorias totais, incluindo mais calorias de gorduras. Nos exercícios resistidos não é diferente. Existem muitos métodos e sistemas de musculação que podem estimular e exigir uma resposta dos seus músculos. Treino em circuito, superséries, tri-série, diminuição dos intervalos entre as séries/exercícios dentre outros artifícios estão disponíveis com um planejamento correto do treinamento;

4. Alimente-se várias vezes ao dia: o corpo trabalha continuamente buscando o equilíbrio (homeostase). Por isso devemos ajudar o corpo a utilizar esse recurso natural: devemos dividir nossas refeições diárias em 05 – 06 refeições, justamente para que o corpo não procure uma economia energética como ocorre quando ingerirmos 03 refeições diárias ou utilizamos dietas hipocalóricas: o corpo inicialmente queima o mesmo número de calorias, que resultará em perda de peso corporal durante um período. Porém, quando perceber a quebra da homeostase, ele irá ajustar-se para compensar a diminuição na oferta do alimento, diminuindo a TMB (taxa metabólica em repouso). Refeições freqüentes durante o dia evitam a diminuição do metabolismo, contribuindo para a utilização dos nutrientes na produção de energia imediata. Alguns estudos ainda demonstram que, para evitar a diminuição e adaptação do metabolismo e maximizar a absorção dos nutrientes, deve-se calcular a ingestão calórica para um dia e depois a semanal e com esses dados, promover ingestas calóricas diárias diferenciadas, objetivando uma taxa metabólica constante;

5. Reduza a ingestão de gorduras: o organismo trabalha muito mais intensamente queimando carboidratos do que gorduras, ou seja, o efeito térmico ou a energia consumida para metabolizar as gorduras é menor do que a utilizada na queima dos carboidratos. Vinte por cento, ou menos, das calorias totais diárias corresponderiam às gorduras em uma dieta convencional;

6. Adeqüe melhor a ingestão das proteínas: ofereça ao organismo proteínas suficientes para que elas façam seu trabalho: desenvolver e reconstruir os tecidos, principalmente o tecido muscular. Dieta hiperproteica além de ser severa no ponto de vista de manutenção da mesma, promovem desidratação (por isso que as pessoas ficam maravilhadas com o resultados obtidos!), comprometimento da capacidade de permanecer contraindo o músculo durante determinado tempo sem que ocorra a fadiga e a sobrecarga do sistema renal (devido a desidratação provocada). Mesmo assim, é consenso que para perder gordura e manter a massa muscular intacta, deve-se ingerir 1,6 – 2,0 grama/kg/dia de proteínas, o que eqüivale a 15% a 25% das calorias diárias totais (veja Ingestão de proteínas);

7. Não corte os carboidratos: os carboidratos são responsáveis para que ocorram reações bioquímicas envolvidas com o metabolismo das gorduras, poupam as proteínas de serem utilizadas como substrato energético e reabastecem o corpo com glicogênio, que são armazenados nos músculos e no fígado e oferecem energia para as contrações musculares. 08 – 10 gramas/kg/dia são recomendadas (60% - 70% das calorias totais diárias);

8. Evite as calorias vazias: alimentos açucarados, fritos e álcool devem ser evitados por não oferecerem nutrientes de qualidade para a construção de um corpo definido e forte.

9. O uso de suplementos deve ser pensado com cuidado: existem poucas evidências a respeito de suplementos que possam realmente ajudar na queima de gordura. Desenvolva hábitos saudáveis com nutrição e exercícios físicos e evite modismos. Suplementos devem ser utilizados quando existe carência de nutrientes.

Existem muitas outras técnicas sendo utilizadas, mas existe um ponto em que todos os estudos bem dirigidos convergem: 0,5 – 1 kg/semana é a faixa saudável para a perda de peso corporal, sem atrapalhar o desempenho desportivo e rotineiro do indivíduo. Procure um nutricionista para adequar de forma correta sua nutrição e um profissional de Educação Física para a elaboração de exercícios físicos que o auxiliem ao alcance da definição muscular. Os resultados dependem somente da determinação pessoal: VOCÊ é quem determina o sucesso!! BONS TREINOS!!!